Uma das queixas que mais observo no consultório atualmente é o cansaço, o esgotamento, a dificuldade para acordar pela manhã, o cansaço no final da tarde, a ansiedade, associados a comportamento de fuga do convívio social e até mesmo tristeza e angústia sem motivo.
Esse mesmo quadro, relativamente comum nos dias de hoje, ainda está associado a episódios de compulsão alimentar por salgados, doces, dores no corpo, rinites, alergias respiratórias, alterações intestinais, alterações de imunidade, etc. Tudo isso por falta de… ENERGIA!
Essa síndrome de falta de energia geralmente começa com erros em 2 pontos fundamentais do metabolismo:
1) o mau funcionamento das mitocôndrias (pequeno “órgão” dentro de todas as células responsável pela produção de energia);
2) o mau funcionamento da glândula adrenal, responsável pela produção de inúmeros hormônios, causado por inúmeros fatores como estilo de vida, infecções ou doenças autoimunes.
Alguns autores afirmam que o primeiro ponto costuma ser consequência do segundo ponto. O fato é que as pessoas têm hoje um estilo de vida muito diferente (e mais deletério) em relação àquele para o qual nós fomos inicialmente “projetados” no nosso código genético. Vivemos sentados, sedentários e sobretudo estressados, ansiosos. Isso faz com que essa glândula, projetada para produzir o hormônio da “luta ou fuga” em momentos pontuais, passe a produzir esse hormônio em valores elevados e por muito tempo, mais tempo do que essa pequena glândula (adrenal) estaria apta a suportar. A consequência? O esgotamento dessa glândula.
Essa queda hormonal faz com que passemos a ter mais inflamação no organismo, dores no corpo, imunidade mais baixa, cansaço crônico começando já ao acordar, dificuldade para recuperar-se de exercício físico (dores musculares mais prolongadas) e até uma reatividade aos problemas do cotidiano, podendo culminar em depressão. Uma alteração hormonal do estilo de vida, potencializada ou não por infecções ou doenças autoimunes. Muitos executivos hoje são diagnosticados com “Síndrome de Burnout” ou síndrome do esgotamento profissional. Simplesmente, as pessoas justificam o seu cansaço por “estresse” e se satisfazem simplesmente com essa explicação como se o estresse, além de justificativa, fosse o único causador e tivesse fim em si mesmo e como se não houvesse nada a ser feito, por simples desconhecimento.
O tratamento exige um cuidadoso estudo de todos os seus sistemas hormonais e que seja restabelecido com cautela um novo equilíbrio desses hormônios. Além disso, mudanças no estilo de vida, como alimentação balanceada, gerenciar melhor o modelo mental através de diferentes técnicas e atividades físicas que precisam ser coordenadas por uma equipe multidisciplinar competente e preparada para atuar na causa do problema e restaurar a vitalidade do indivíduo. Exercícios físicos feitos de forma aleatória podem piorar muito esse quadro de esgotamento.
O tempo certo de entrada de cada peça do quebra-cabeça deve ser coordenado por essa equipe multidisciplinar preparada.